sábado, 27 de novembro de 2010

Foi um Rio que passou em minha vida


Homenagem ao Dia do Rio, 24 de novembro de 2010


Lembrei daquela música do Paulinho da Viola  “...Foi um rio que passou em minha vida... E meu coração se deixou levar...” e de tantos rios que passei pelas caminhadas na nossa Serra do Mar Paranaense.

Morando em Quatro Barras, na Borda do Campo, aos pés do Anhangava, acabamos conhecendo vários berços d’água, nascentes, córregos e rios entre vales, a nossa Floresta Atlântica. Antes andávamos pulando os meio-fios em Curitiba... Agora estamos pulando de pedra e pedra em Quatro Barras, lugar que escolhemos para viver.

As montanhas, cartão postal da nossa cidade, são como esponjas de água, ou seja, armazenam água. Nas caminhadas pelo Anhangava, ou até sobrevoando uma carta aéra do local, estamos sempre encontrando nascentes e córregos, que são afluentes de rios principais, que ora vão para a bacia do Iraí, ora vão para a bacia do Capivari, grandes reservatórios de água que abastecem Curitiba e região.

O nome de Quatro Barras tem origem nos rios, sendo referência de quatro cursos d’água, que formam barras, e que são afluentes do Rio Curralinho, a saber: Rio Canguiri, Rio Timbu, Rio Bracajuvava (atualmente Rio Cercado) e mais o Rio Capitanduva.

Nossa região faz parte da APA do Iraí, área de preservação ambiental, que foi criada em 1996 para "a proteção e a conservação da qualidade ambiental e dos sistemas naturais ali existentes, em especial a qualidade e quantidade de água para fins de abastecimento público”,  conforme consta no artigo 2º do Decreto Estadual nº 1.753/96. Além de Quatro Barras os municípios de Colombo, Pinhais, Piraquara, e Campina Grande do Sul também são participantes desta APA. Os principais rios que abastecem o Lago do Iraí têm nascentes em Quatro Barras.

A dinâmica dos rios é muita parecida com o nosso sistema sanguíneo que tem vasos mais finos e outros mais espessos, que se ligam como afluentes. Dessa forma, nós moradores locais, temos que estar atentos ao que estamos jogando, ou melhor, lançando em nossos rios, em nosso “sistema de águas”.

Em muitos locais da Borda do Campo, berço de várias nascentes, o esgoto é lançado a céu aberto nas ruas ou em redes pluviais que são levadas para córregos e rios, escoando pelos vales. Existem também muitos depósitos de entulhos e lixos que contaminam o solo. Outro problema público é o grande número de cães que vivem soltos e que contribuiem para a contaminação do solo através de suas fezes.

Nem toda a nossa região é servida por saneamento básico e em alguns locais os projetos tornam-se muitas vezes inviáveis devido ao relevo e distância entre as moradias.

Existem alternativas de baixo custo, no caso de não termos rede de saneamento básico, para que façamos o tratamento do esgoto, que é dividido em águas cinzas e águas negras. As águas cinzas são aquelas da cozinha, da lavanderia,  pia do banheiro e chuveiro. As águas negras são as da descarga do vaso sanitário.

Para tratar as águas cinzas é possível fazer um sistema simples de fossa bananeira ou círculo de bananeiras, que consiste em buraco com lenha grossa, média e fina, coberto de terra e restos de grama (palhada) e com bananeiras e outras plantas que gostam de umidade plantadas em torno do círculo. O passo a passo da construção pode ser consultado no link http://www.setelombas.com.br/2006/10/circulo-de-bananeiras/, página de um sítio chamado Sete Lombas, no interior de Santa Catarina, onde a família busca construir sua casa com  menor impacto ao meio ambiente. Nós construímos uma fossa bananeira em nossa casa em 2 dias de trabalho, em 2 pessoas, utilizando um pequeno espaço e plantando bananeiras em  círculo para absorver  toda a água cinza produzida na casa. Já temos o primeiro cacho de banana após 1 ano. A recomendação aqui é não lançar neste sistema á agua negra dos sanitários e  evitar utilizar substâncias tóxicas como o cloro nas águas das pias e lavanderia.
















Círculo de bananeiras – Fonte: Sítio Sete Lombas.

Para as águas negras, que vem somente do vaso sanitário é possível construir uma bacia de evapotranspiração que pode ser consultada neste link, também do Sítio Sete Lombas:  http://www.setelombas.com.br/2010/10/bacia-de-evapotranspiracao-bet/. Este processo requer maiores cuidados com a impermeabilização, pois a idéia deste tipo de fossa é que as águas negras, que vêm dos sanitários, não tenham contato com o solo e sejam absorvidas pela cobertura vegetal ou evaporem. É recomendável que na construção do banheiro a água do chuveiro e da pia não estejam ligadas no mesmo cano do vaso sanitário.















Bacia de evapotranspiração – Fonte: Sítio Sete Lombas.


Quanto aos resíduos sólidos, temos em nossa cidade coleta urbana de recicláveis e orgânicos. Poucos municípios tem este serviço e devemos valorizar o nosso separando os recicláveis do orgânico. O orgânico que sai da nossa cozinha, os restos de grama e podas podem ser aproveitados como adubo em uma composteira.

Restos de caliça, móveis e construção podem ser reaproveitados.  A prefeitura também pode ser consultada sobre o destino mais correto.

Vamos valorizar os rios de Quatro Barras que fazem parte da nossa vida.


                                           Tio Taquaral. Arrquivo Marumby



Texto:  Simone Gonçalves Rodrigues, montanhista e moradora da Borda do Campo, Quatro Barras/PR.
simone@marumby.tur.br

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PAARE - PREVENÇÃO DE ACIDENTES E AUTO-RESGATE EM ESCALADA


 
PAARE é um curso que visa à prevenção de acidentes, reciclar e atualizar os procedimentos de segurança em escalada, do encordoamento à segurança do guia e do segundo, passando pelos procedimentos de ancoragem à descida.
Na parte de auto-resgate, primeiro vem à aplicação dos meios de fortuna, no qual o participante vai poder praticar procedimentos de subir e descer pela corda, primeiro sem nenhum mosquetão, apenas com cordas e nós, depois com 1, 2 e assim por diante. Criando autonomia para se movimentar com segurança e a base para fazer tudo com cordas, mosquetões e nós, que é o que o escalador sempre tem. Ao fazer uso de um equipamento apropriado como um blocante mecânico, é lucro. Depois vêm os procedimentos de sistemas de polias, conhecidos também como multiplicadores de força, e o resgate de um companheiro em parede.


Sempre preocupados com que os escaladores possam se atualizar, rever procedimentos e escalar com segurança.


O Curso surgiu da necessidade de atualizar e aprofundar os conhecimentos de quem já havia feito curso básico de escalada ou que iniciou na escalada sem curso e precisa se aperfeiçoar. Também por que em um curso básico só é passado o mínimo para se escalar com segurança, já sendo muita informação.





Já foram ministrados 26 cursos, desde sua criação sendo o 1° curso,em 1998, promovido com apoio do Clube Alpino Paulista.




As entidades que já participaram deste curso foram: CAP, FEMERJ no Rio de Janeiro, já foram três edições; FGM em Porto Alegre já foram quatro edições; FEMESP em São Paulo, três edições; uma em Petrópolis, com apoio do CEP; uma em Fortaleza com apoio da ACEME; duas em Brasília com apoio da ABESC; três em Belo Horizonte com apoio da AME e FEMEMG; duas no Espírito Santo com apoio da ACE; duas em Joinville com apoio da AJM e FEMESC; uma em Camboriú com apoio a ALEM; Esse vai ser o quarto aqui em Curitiba, com apoio do CPM e do Campo Base.

Em todas as capacitações,são oferecidas vagas à Polícia Militar e ao Corpo de Bombeiros locais, com a intenção de estreitar o relacionamento, trocar experiências e proporcionar um conhecimento que muitas vezes não esta disponível dentro da corporação.






Ronaldo Franzen, “Nativo”, é idealizador e ministrante do curso PAARE.
Iniciou suas atividades nas montanhas da Serra do Mar do Paraná em 1980. Atua como Coordenador Técnico da Marumby Consultoria e Treinamentos, especialista em Montanhismo, Escalada, Técnicas e Resgate em Ambiente Vertical e Gestão da Segurança em atividades de aventura, atuando como instrutor, convidado em seminários técnicos, cursos de extensão e especializações nestas atividades. Vive atualmente na base do Campo Escola de Montanha do Anhangava, onde proporciona além das capacitações de Iniciação ao Montanhismo e Escalada em Rochas, opera os produtos Dia de Montanha e Dia de Escalada certificados pelo Programa Aventura Segura.
Nativo, também organizou e participou de várias expedições nacionais e internacionais em caráter esportivo e educacional, tendo escalado, ministrado cursos, aberto novas vias e setores por vários estados do Brasil. Viajou ao exterior, com sua primeira expedição aos Andes, em 1986 e, depois à Patagônia tendo escalado vários cumes. Destaques para a Primeira expedição brasileira ao Cáucaso na Rússia, em 1996; Expedição brasileira em estilo Alpino ao Monte McKinley, no Alaska, em 1996. Participou como personagem do documentário Extremo Sul, Monte Sarmiento, Terra do Fogo, em 2003; Escalada do Pilar Norte do Fitz Roy, pela face oeste em Fevereiro de 2008, também, escaladas na Espanha, Itália, França, Inglaterra, Alemanha e Chile.

Texto: Vicente Cesar Farias

AS AVENTURAS DE GULLIVER NAS TERRAS DE TITÃNS


        Diz a lenda que “ lá estão as sete colinas mais próximas do mar “ na mais setentrional viagem de Ulysses feita por terra... haveria lá então uma terra desconhecida e intocada, repleta de vida e exuberância como nos tempos da criação do planeta ???
        - Não seriam estas terras ??? Disse um poderoso soldado ao seu clã após extenuante cruzada a qual sonhou por décadas...
        E tão logo perguntara aos seus súditos, os mesmos foram premiados com a visão pontiaguda  de abruptas elevações no horizonte naquele dia ensolarado numa longa era da estiagem; uma voz rouca e tremula ecoou vinda dos céus retrucando palavras e rosnando em forma de trovão :
        - “ Mal aventurados são estes pequenos seres intrusos que ousam em subir em sua cabeça “...
        Enquanto permanecera adormecido por milhares e milhares de noites gélidas após incontáveis eras passadas, o qual nascera em estremecidas e incalculáveis erupções vulcânicas dos tempos do nascimento de todos os mais famosos Titãns, muito antes do surgimento da vida “ inteligente “ por estas paisagens, o gigante permaneceu lá misterioso e indecifrável...
         Seria Zeus, senhor de todos os deuses lá adormecido sob sono profundo ??? Ou Hercules, seu filho com Afrodite, deusa das ninfas e que futuramente tornara herói de todos os heróis do vasto império dominante daqueles tempos, vencedor de todas as batalhas em que defendeu os mais altos e mitológicos cumes e montes, inatingíveis pelos mais fracos???
         Quem estaria lá adormecido por quase uma eternidade ???
         Então o tal gigante desconhecido e escondido por milênios em um canto do planeta terra, num continente ainda inexplorado por todos os heróis destes tempos que na sua maioria, aventurados de um olho só não o enxergavam, resolveu acordar...
          Queria então Poseidon, deus de todos os grandes mares, ao seu lado continuar sossegado na era dos ventos gélidos e secos das mil noites, e também da luz e do calor do sol no período das horas eternas, trazidos pelo deus da vida, Apolo; e não perturbar o seu sono profundo, cheio das mais extensas calmarias das águas do mar, ditadas por Crônus, deus do tempo... mas eis que foi descoberto e assim foi profetizado o fato... e assim sem medo algum foi molestado metro a metro pela presença dos então atrevidos e minúsculos seres invasores de suas terras, acordando o gigante de seu sono profundo após o longo período sem noites e sem trevas, para que então o afamado abrisse os seus grandes olhos, respondendo em tom alto aos petulantes :
          - Quem tem a ousadia de me acordar ???
          E sem perceber a presença de onde estavam dos incrédulos invasores o mesmo soprou, soprou e soprou uma sutil brisa em forma de Stratus monte a cima para engolir totalmente os enfadonhos mortais com suas lâminas forjadas na era do metal, seres que penetravam floresta a dentro, sangrando-o lentamente...
           Tamanha foi a fúria dos ventos deste dia que levou a cabo toda a epopéia dos bravos aventureiros conquistadores, sem ter um metro de visão ao atingirem o seu chifre, na brancura infinita da densa bruma palpável impregnada nos céus; conquistaram o seu cume máximo nestas terras longínquas e mitológicas... e sem ter o privilégio de ver os seus tão sonhados eldorados horizonte a fora, num misto de terra e mares como uma longa e imensa colcha de retalhos a perder de vista...

          ” Bem aventurados são estes pequenos seres intrusos os quais ousam em subir em sua cabeça “ e terão que voltar lá para fotografar as mais belas e distantes paisagens que separam os continentes dos mares...
          PS : Não vos esquecei o novelo de lã...

Texto: Alexandre Pacheco dos Santos