terça-feira, 26 de outubro de 2010

REGULAMENTO CASA MARUMBI



CLUBE PARANAENSE DE MONTANHISMO
Este regulamento visa impor regras relacionadas à utilização da casa de campo do Marumbi do
Clube Paranaense de Montanhismo.

Artigo 1. Ficam estabelecidas desde já estas regras como únicas para a utilização da casa de
campo do Marumbi do Clube Paranaense de Montanhismo.

Artigo 2. Somente poderão utilizar a casa:
1. Os associados que estejam com as mensalidades em dia, sem punições
administrativas e sem restrições com relação ao empréstimo dos equipamentos de
escalada. Para sócios novos, deve haver o acompanhamento de outro sócio com
mais de SEIS meses ou o cumprimento de carência de TRÊS meses de associação.
2. Convidados, desde que sob autorização da diretoria e mediante o pagamento de
diária adiantada ao clube, e sob a responsabilidade de algum sócio em dia,
obedecido o parágrafo anterior.

Artigo 3. O não cumprimento das normas acarretará em punição administrativa.

Artigo 4. Para melhor controle, juntamente a assinatura deste regulamente pela diretoria do
CPM, será criado um "Livro de Registro", de folhas numeradas, que será entregue
ao sócio responsável pela chave da casa. Em tal livro, deverá ser anotada a situação
da casa ao chegar, número do lacre encontrado na porta e o número do novo lacre
colocado e, ainda, os nomes dos visitantes e a situação geral como a casa foi
deixada ao sair.

Artigo 5. A casa deve ser entregue limpa e organizada, independentemente de atrasos ou
quaisquer outros motivos. Caso este item não seja respeitado, o sócio responsável
pelo problema sofrerá punição administrativa.

Artigo 6. Somente o Tesoureiro ou o Presidente do CPM poderão efetivar o empréstimo da
casa para os sócios do clube, ou no caso de ambos delegarem este poder à terceiro,
que deverá respeitar o item 1 do artigo 2º.

Artigo 7. O empréstimo e a devolução da chave serão sempre realizados às quartas feiras, na
reunião semanal do Clube, exceto quando por motivo de força maior não ocorrer
expediente no clube.

Artigo 8. O sócio responsável ficará com a chave e o direito de uso da Casa pelo período de
uma semana, exceto nas semanas em que o clube não tiver expediente. A chave
deve ser entregue até as 20 horas e 30 minutos da respectiva reunião semanal.

Artigo 9. O sócio responsável pela casa deve sempre que possível, facilitar a utilização da
casa por outros sócios do CPM, contudo a decisão final sob a utilização ou não da
casa é exclusivamente do responsável pelo empréstimo.

Artigo 10. No caso de dois ou mais sócios demonstrarem interesse simultâneo no empréstimo
da casa, prevalecerá aquele que possuir mais tempo de associação no CPM, e em
caso de dúvida, aquele que possuir mais idade.

Artigo 11. Os sócios que fizerem uso da Casa devem zelar por sua limpeza e organização,
portanto é recomendado que:

1. Não sejam deixados alimentos e/ou produtos perecíveis na casa.

2. Caso o alimento, produto ou o objeto seja considerado realmente útil à
manutenção da casa, como produtos de limpeza, sal ou açúcar, estes devem ser
acondicionados em recipientes próprio e de forma que seja o mais fácil possível
sua identificação e uso. Além disso, fica advertido que todos os bens deixados
na casa passam a pertencer ao clube e aos seus sócios, podendo ser utilizados
por qualquer um que tenha interesse.

3. Em caso extremo, objetos pessoais poderão ser armazenados na casa, em
recipiente plástico, vedado e etiquetado. Caso não esteja nesta condição e se
empregue como útil, será adicionado aos bens do Clube, conforme o item
anterior e, não sendo útil, deverá ser descartado.

4. A geladeira quando não utilizada deverá ser deixada aberta e com o termostato
desligado.

5. O sócio deverá respeitar os horários de descanso dos freqüentadores da casa e
dos vizinhos, utilizando o bom senso.

6. Não promover festas na casa, exceto com autorização prévia da diretoria do
CPM.

Artigo 12. Cabe apenas a diretoria do CPM regulamentar o custo para utilização da casa,
respeitando o valor mínimo de R$ 20,00 a diária para convidados ou sócios que não
estejam em dia com o clube. Tal regulamentação deverá constar no "Livro de
Registro" da Casa.
Parágrafo Único: Fica decidido desde já que os valores arrecadados com a casa de
campo do Marumbi deverão ser destinados à manutenção da própria casa.

Artigo 13. Todas as ocorrências e visitações deverão obrigatoriamente ser anotadas no "Livro
de Registro" da casa, que deverá ser entregue juntamente a chave, na sede Social
do CPM.

PUNIÇÕES ADMINISTRATIVAS

Artigo 14. O sócio que não respeitar este regulamento estará sujeito à Sanções
Administrativas impostas pela diretoria do Clube, que poderá consistir,
dependendo da gravidade, em:
1. Advertência;
2. Suspensão dos direitos de uso e empréstimo de bens do Clube;
3. Expulsão, que será aplicada no caso de reincidência grave ou para aquele que
tentar ludibriar este regulamento no tocante a empréstimo da chave da casa,
como a confecção de cópia da chave, reutilização do lacre ou destruir de forma
acintosa o patrimônio do clube.

Artigo 15. Este regulamento entra em vigor a partir do dia 8 de Outubro de 2008.

Curitiba, 8 de Outubro de 2008.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

RETIRADA DOS DEGRAUS DA TRILHA DO PICO PARANÁ

 










Num ato de arbitrariedade e vandalismo, foram retirados mais de 20 degraus da trilha que leva ao cume do Pico Paraná em 2008.

Os parceiros na conservação do Parque Estadual do Pico Paraná, entre eles o Clube Paranaense de Montanhismo (CPM) e os Nas Nuvens Montanhismo (NNM, juntamente com o órgão responsável pelas Unidades de Conservação Estaduais, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP); condenam tal atitude, configurada como Crime Ambiental. O CPM realizou denúncia no IAP, porém sabe das dificuldades em se encontrar o vândalo ou os vândalos.

Um dos objetivos da colocação de degraus nesta trilha, de grande visitação pública, é a contenção de erosões, visto que com eles se delimita a trilha em  trechos verticais e se protege platôs frágeis neste tipo de ambiente (evitando que as pessoas abram novas trilhas ou que alarguem a mesma). Outro objetivo é  a redução dos perigos nos locais com exposição vertical.

O Clube Paranaense de Montanhismo, que dentro do Programa Adote uma Montanha da CBME, tem o Pico Paraná e adjacências, como área a seus cuidados a pelo menos quinze (15) anos, conta com  aprovação do IAP e registros da manutenção da trilha.

O CPM está diligenciando esforços para reparar o que foi sinistrado e tomar outras providências.

Visite o site do CPM e NNM e acompanhe as datas dos mutirões de conservação da trilha. Contribua,  seja parte deste ambiente... e compense sua passagem pelas Montanhas!

VANTAGENS DE SER ASSOCIADO AO CPM


            O CPM é uma associação cujos objetivos principais são: o contato e convívio humano, a recreação por contato direto com a natureza, através do aprimoramento da prática do montanhismo junto a seus membros e a divulgação deste esporte junto à população.
            A prática do montanhismo subentende a existência da natureza preservada em seu estado primitivo e garantia, ao cidadão, do acesso a esses locais, propiciando a este uma experiência pessoal intransferível, uma vez que nenhuma criação cultural é capaz de um estímulo tão intenso e extenso aos sentidos e ao espírito humano, quanto à natureza.
            Por detrás de uma paisagem natural, mesmo que ainda incompreensível, está a revelação de milhões e milhões de anos da história da Terra. As formações geológicas, a morfologia e composição da fauna e flora estão ligadas num passado progressivamente remoto, às pequenas e grandes variações do clima; as contrações e movimentações da crosta pelo resfriamento do planeta e a própria origem da vida e sua expansão e distribuição sobre o globo.
            O contato direto com a natureza, relembra também ao homem moderno, a sensação de que somos seres sociais. Nas grandes cidades, a especialização da produção e o acesso a todos os bens e serviços por mecanismos monetários, isola as pessoas umas das outras. A natureza primitiva mais do que qualquer esporte obriga as pessoas à solidariedade e a colaboração mútua, devolvendo a sensação de que toda a ação humana é fenômeno social.
            Por isto tudo, o CPM está intrinsecamente comprometido com a questão ecológica e a questão social.

VANTAGENS


·        Participar das atividades realizadas pelo clube, como por exemplo:    caminhadas, escaladas, mutirões, palestras, excursões, etc.
·        Hospedagem na sede de montanha do clube no Parque Estadual do Marumbi.
·        Acesso a biblioteca do clube (livros, revistas, fitas de vídeo, etc).
·        Desconto nos cursos realizados pelo clube.
·        Desconto nas lojas conveniadas.
·        Preço especial na passagem de trem pela Serra Verde Express (www.serraverdeexpress.com.br)
·        Desconto especial nos serviços do Refúgio 5.13 em Quatro Barras/PR (www.cincotreze.com.br)
·        Desconto especial no ginásio de escalada Campo Base em Curitiba/PR.

OBS: Para poder usufruir das vantagens acima o associado deve estar em dia com suas mensalidades.


          PROMOÇÃO ESPECIAL:

·        Novos associados ganham um curso de iniciação ao montanhismo.
·        TAXA DE ASSOCIAÇÃO: R$ 50,00
·        MENSALIDADE: R$ 20,00

domingo, 17 de outubro de 2010

QUEM SOMOS


O Clube Paranaense de Montanhismo (CPM), constituído no dia 08 de Junho de 1.978, é uma Sociedade Civil de Utilidade Pública, de duração indeterminada conforme determina a Lei Estadual 7.895 publicada no dia 08 de Agosto de 1.984. Com sede e foro na rua Flávio Dallegrave, número 5.044, no bairro Boa Vista, da cidade Curitiba, capital do Paraná,tem por finalidade o desenvolvimento do montanhismo em suas diversas modalidades e outras práticas desportivas, culturais, cívicas e recreativas.
Fundado a partir dos ideais comuns de um grupo de montanhistas residentes em Curitiba mas com grande paixão pelas montanhas, em especial pela Serra do Mar, em benefício e organização do montanhismo. Em pouco tempo agregou mais e mais adeptos e tornou-se num dos mais tradicionais clubes de montanha do Brasil. Foi do CPM que sairam e ainda saem alguns dos melhores montanhistas do estado, reconhecidos no Brasil e muitos já no exterior também.
Membro fundador da Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM), que foi criada para organizar, padronizar e monitorar o montanhismo e suas várias modalidades e práticas no estado do Paraná com ética e segurança. Atuante junto aos órgãos governamentais e não-governamentais (IBAMA, IAP, BPFLO, CB, COSMO, SOS Mata Atlântica…) estabelecendo parcerias e convênios, cobranças, responsabilidades, sendo a Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM) juntamente com as federações do Rio de Janeiro (FEMERJ) e de São Paulo (FEMESP) as responsáveis pela criação da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) A confederação visa unir forças para criar um único padrão de linguagem para o montanhismo brasileiro, organizando e padronizando o montanhismo interno e fortalecendo a imagem pelo mundo afora.




Age promovendo cursos, palestras, encontros e outras formas de atividades ligadas aos esportes de montanha, desenvolvendo cursos ou grupos específicos nas diversas atividades relacionadas a saúde e segurança em ambiente de montanha, age também nas diversas modalidades de turismo e meio ambiente ecologicamente corretos.

-          Departamento Técnico:
Atualmente o Dpto. Técnico é o reponsável pela supervisão e manutenção dos cursos ministrados pelo clube, pelas análises das trilhas e vias de escalada e pelo cronograma oficial  de atividades do clube.
Foi do Departamento Técnico do CPM, que nos anos 90 surgiu o COSMO, o melhor e mais conceituado grupo de busca e resgate em ambiente de montanha do Brasil. Dado ao profissionalismo empregado e a dedicação necessária o grupo acabou se desvinculando ao clube, mas mantém ainda ótimo relacionamento e alguns integrantes em comum. Criado para auxiliar as forças oficiais do Estado, o COSMO é formado por experientes montanhistas com técnicas avançadas de resgate, e mesmo assim estão sempre em reciclagem e aprimoramento de novos, práticos e eficazes conceitos de resgate, já realizou inúmeros resgates em situações extremas, sendo modelo para o Brasil.

-          Departamento de Escalada:
Organiza cursos e atividades em nosso campo escola: o Anhangava, bem como nos arenites da escarpa devoniana de São Luiz do Purunã, com toda segurança e técnica necessária para prática da escalada. 
-          Departamento de Caminhada:
Trabalha com ações para preservar, educar, monitorar e estabelecer normas de mínimo impacto para as regiões de montanha do estado. Ministra cursos, palestras e programas de reciclagens, visando o aprimoramento técnico e conceitual dos montanhistas. Organiza multirões de manutenção de trilhas de acesso, que envolvem a conscientização sobre mínimo impacto dos aventureiros que se encontram na área de manutenção, proteção em trechos que oferecem riscos, melhorias na sinalização, limpeza das fontes de água e áreas de acampamentos e coleta de lixo que é sempre o maior problema.

Atividades:
Conta com um calendário de atividades periódicas e regulares, oferecendo aos associados o conhecimento e o contato com lugares, paisagens e escaladas nas diversas montanhas do Paraná. Oferece atividades recreativas e de ação social, sendo que as escaladas de um dia e os multirões de limpeza e manutenções de trilhas são os mais frequentes.
- As escaladas de um dia oferecem aos associados do CPM, o contato com as montanhas do Paraná. Normalmente é escolhida uma certa montanha a ser visitada, agendada a data do passeio, feita uma caminhada até o cume desta montanha e o retorno é no mesmo dia. Com o agendamento do passeio e dependendo da dificuldade da caminhada e do estado de conservação da trilha, definimos o número ideal  de montanhistas que a trilha comporta. Com isso conseguimos  ter uma precisão de como será o passeio, a quantidade de guias necessários e o controle sobre o mínimo impacto na montanha.
- Os multirões de limpeza e manutenções de trilhas e acessos à montanhas são agendados conforme uma prévia análise da área. Normalmente são
analizados fatores como situação de limpeza (quantidade de lixo depositado no local), estado de erosão e desgaste natural da trilha e áreas de acampamentos,

pontos críticos e mal sinalizados, impasses e questões políticas com moradores locais… Depois levantamos o material e as técnicas a serem utilizados, o contingente necessário, o gronograma de ação…

Cursos:

Periodicamente oferecemos cursos de capacitação técnica sobre o montanhismo. Cursos dinâmicos onde o aluno aprende sobre o tema abordado de forma teórica e exercita o conhecimento obtido de forma prática, sendo o tempo inteiro monitorado pelos montanhistas mais experientes do CPM.

-          Iniciação ao Montanhismo:
Indicado para pessoas leigas ao assunto, novos montanhistas, ou como reciclagem para os mais experientes. Durante o curso o aluno aprende sobre os diversos fatores (história, conhecimentos gerais e específicos) que o ajudarão a se tornar um montanhista, capacitado a adentrar em qualquer montanha do Brasil.  Também serve como pré requisito para o curso Básico de Escalada em Rocha. As aulas teóricas são ministradas na segunda, terça, quinta e sexta, das 19:30 às 22:30 e aula prática sendo um acampamento com pernoite na montanha, onde o aluno poderá concretizar o conhecimento teórico adquirido durante a semana.
Carga Horária: 48h (12h  teóricas e 36h práticas).
Tópicos ministrados:
-          Caracerísticas Gerais da Serra do Mar Paranaense;
-          Histórico;
-          Modalidades;
-          Primeiros Passos;
-          Roupas e Equipamentos;
-          Acampamentos;
-          Meteorologia;
-          Orientação, Navegação e Novas Rotas:
-          Socorros Urgentes.

-          Básico de Escalada em Rocha.
Neste curso o aluno aprende as diversas técnicas exigidas para se escalar em qualquer lugar do país. Um curso muito dinâmico e complexo, indicado para quem realmente está interessado no esporte e na conscientização da segurança em esporte de aventura. As aulas teóricas são ministradas na segunda, terça, quinta e sexta, das 19:30 às 22:30 e aula prática sendo um dia de escalada na montanha, onde o aluno poderá irá testar as diversas técnicas aprendidas durante a semana.
Carga Horária: 24h (12h  teóricas e 12h práticas).
Tópicos ministrados:
-          Histórico;
-          Modalidades;
-          Técnicas de Caminhada;
-          Meio Ambiente;
-          Alimentação;
-          Código de Ética;
-          Equipamentos;
-          Nós;
-          Técnicas de Escalada;
-          Estilos de Escalada;
-          Técnicas de Segurança;
-          Técnicas de Rapel;
-          Socorro em Montanha;
-          Treinamento e Flexibilidade;
-          Literatura Indicada.

CONTATO E ENDEREÇO

Clube Paranaense de Montanhismo
REUNIÃO TODA QUARTA-FEIRA ÀS 20:00 HORAS

Endereço: Rua Flávio Dallegrave nº 5044 - Boa Vista, Curitiba

Contato: (041) 9671-5996 – Lourdes
 

PAULO HENRIQUE SCHMIDLIN (VITAMINA)

 

            Referência bibliográfica:
            CPM - Boletim Informativo Bimestral nº 04 - jan/fev de 1985

            Dando prosseguimento a coluna "memória da montanha" que tem como principal objetivo a elaboração de um pequeno acervo histórico e cultural do montanhismo no Paraná. Selecionamos para este número, o depoimento de uma pessoa que sincretiza a própria história do Marumby, pois não existe nenhum fato relacionado a Serra do Mar e o Marumby, nos últimos quarenta anos, que diretamente ou indiretamente, não esteja ligado ao nome de PAULO HENRIQUE SCHMIDLIN, o VITAMINA. Se algum dia um historiador decide-se contar a história do montanhismo no Paraná, teria que necessariamente contar a história deste homem, pois sua biografia, retrata o próprio Marumby. Há quarenta anos Vitamina é um ardente defensor do Parque Marumby, e a serra é quase como, uma extensão de sua casa. Seus cuidados, no entanto, não se limitam somente a natureza, são extensivos, aos freqüentadores da Montanha. Quantas pessoas não foram salvas, pelas providenciais fitinhas coloridas plásticas, que estão por todas as trilhas do Marumby, ou quantas pessoas não estariam em má situação, ou quiçá, em outra dimensão, se não fosse o zelo e o cuidado, com que são vistoriadas as correntes do Marumby, para que sempre estejam seguras e praticáveis. Na década de 40 a 50, a época de ouro do montanhismo no Paraná, segundo Vitamina, não só ajudou nas grandes conquistas como conheceu e escalou com quase todos os grandes alpinistas da época. Avesso a entrevistas, reportagens e coisa do gênero (Jamais concedeu uma entrevista) foi necessário um "complô", onde contamos com a colaboração de pessoas de sua própria família, para nos informar o dia em que estava em casa. Assim, numa Quinta-feira chuvosa, eu e o índio, saímos da reunião do Clube, diretamente para a casa do Vitamina, com o firme propósito de só sair de lá com a matéria. Após várias xícaras de cafezinho e usando muito tacto, começamos a fazer com que a coisa fluísse, para o nosso inseparável gravador. Baseado nos dados montamos a presente matéria, que temos certeza será muito proveitosa. Agradecimentos especiais a Dulcinéia, esposa do Vitamina, que por insistência nossa, foi cúmplice, nesta empreitada.
            HERINQUE PAULO SCHMIDLIN: VITAMINA nasceu em Curitiba em 07 de outubro de 1930, filho de Paulo Francisco Schmidlin e de Luzia Agathe Juliane Barz. Descendente de alemães, desde muito cedo se habituou as salutares caminhadas e passeios, tão comuns na maioria dos países europeus. Recordando-se, quando menino, residia no "longínquo" bairro de Santa Felicidade onde empreendia longos passeios em companhia da mãe. Do gosto pelos passeios e caminhadas para o montanhismo, foi um passo. Assim, ao completar 10 anos de idade, resolveu fazer uma caminhada pelas montanhas, e foi conhecer, o já famoso Olimpo. Decididamente apaixonou-se pelo local, e tratou de travar conhecimento com os alpinistas locais, na maioria alemães, ou descendentes de alemães e em pouco tempo já estava com quase todos os montanhistas que freqüentavam o Marumby. Como a vida não se resume só em escalar, Vitamina, paralelamente as atividades de montanha, cursava o ginásio no Colégio Santa Maria e posteriormente concluiu o científico no Internato Paranaense. Fez vestibular para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) um dos mais difíceis do país, alimentando um velho sonho de ingressar na aviação, não obtendo classificação. Entesado com o insucesso, e com os brios feridos, voltou para Curitiba, e inscreveu-se em três vestibulares numa só vez engenharia, química e direito. Passou nos três, decidiu-se pelo curso de Ciências Jurídicas pela Universidade Federal do Paraná. Após concluir o curso superior ingressou no Banco de Minas Gerais e mais recentemente, a convite do Governador do Estado, ingressou na Secretaria de Educação, no gabinete de assessoramento jurídico daquela pasta, onde permaneceu até hoje. Aliás, Vitamina, sempre soube transitar com desenvoltura, por quase todos os órgãos de governo, principalmente os ligados à problemática ecológica ambiental, como o ITC, Surehma. Graças aos seus profundos conhecimentos sobre a Serra do Mar: Qualquer projeto relacionado as nossas montanhas, só se tornavam viáveis com um aval, um parecer, de Vitamina.Por muitas vezes assessorou órgãos de governos em projetos na Serra. A Copel solicitou seus préstimos, em certa ocasião, para coordenar a operação de colocação de refletores de microondas, que atualmente são visíveis no Ciririca, de qualquer canto da Serra. Neste pico, Vitamina, inaugurou a primeira escalada técnica do local, uma vez que a conquista havia sido feita muitos anos antes pelo trio Vespa, Arame e Lanterna. Os trabalhos solicitados pela Copel iam desde a abertura de clareiras até o balizamento de helicópteros que levavam os materiais para a montagem dos refletores. Muita gente imagina, que aqueles refletores se prestam para a transmissão de imagem de TV, quando na verdade é apenas um recurso usado pela Copel, para acionar a longa distância, as chaves das comportas da represa do Capivari-Cachoeira, através da emissão de sinais de Curitiba. Posteriormente Vitamina fez parte da Comissão da Paranatur, que preparava projeto para viabilizar formas de exploração turística do Parque Marumby. Vitamina foi ainda, sócio-fundador da Associação de Defesa Ecológica e Ambiental (ADEA), sócio-fundador do Círculo Marumbinista de Curitiba (CMC), sócio-fundador do Clube de Montanha (CM) e atualmente é sócio-benemérito do Clube Paranaense de Montanhismo. Nestas quatro décadas de montanhismo, reuniu um precioso acervo histórico, através de relatos minuciosos de todas suas excursões e Serra do Mar, somada a centenas de fotografias, retratando diversos ângulos e aspectos da Serra do Mar. Gostaria de algum dia fazer público todos esses documentos e fotos, através de um "Museu de Montanhismo", porém não vinculado a nenhum Clube, pois experiências anteriores lhe deixaram experiências pouco agradáveis, já que os Clubes podem sofrer ingerências políticas e administrativas, que podem colocar tudo a perder. Sonha com um local na própria Serra do Mar, aberto a todos, longe das ingerências políticas. O material colecionado foi suficiente bastante para que Vitamina escrevesse um livro de mais de 500 páginas, que está totalmente acabado, esperando apenas uma oportunidade, ou patrocínio para ir ao prelo. É absolutamente impossível arcar com o orçamento de publicação, que segundo informações recentes, chegam a uma pequena fortuna. Porém, esta não é a primeira obra de Vitamina, anteriormente já havia editado, esta sim, por sua própria conta, um livreto que é o "Guia Turístico do Marumby", onde constam informações genéricas para quem procura visitar o Marumby. Neste livreto constam informações desde a altitude dos Picos que compõem o Conjunto Marumby, até sugestões do que levar, ou o que se comer na Serra. O livreto pode parecer modesto nas suas 12 folhas, mas é o único trabalho do gênero que se tem conhecimento na Serra. Quem quiser saber algo sobre o Marumby, tem que lançar mão deste manual confeccionado quase que artesanalmente, e com recursos do próprio Vitamina, que distribui gratuitamente, a quem lhe peça. Atualmente está elaborando uma nova edição do Guia Turístico do Marumby, mais completo, corrigindo as omissões do primeiro. Vitamina também foi o idealizador da placa com o roteiro turístico que se encontra encravado em frente à Estação do Marumby, que é de fundamental importância, principalmente aos jovens que vão ao Marumby pela primeira vez. As placas somadas as fitas coloridas colocadas nas picadas, permitem que os jovens subam e desçam do Marumby na mais perfeita segurança, sem risco de se perderem nas incontáveis picadas que cortam o Conjunto. Mesmo assim, Vitamina recomenda aos jovens, que nunca tenham ido ao Marumby, não subirem sozinhos, procurem pessoas vinculadas a Clubes de Montanhas, que conhecem o local como a palma da mão. A Polícia Florestal, ou mesmo qualquer outra pessoa que já tenha estado lá, e conheça o local. Vitamina se recorda, que por muitos anos levou jovens para a montanha, iniciando-os no montanhismo, e até hoje quando lhe pedem, não se furta de acompanhar quem quer que seja. Em 1981, Vitamina, e seu colega Dálio Zippin Filho, realizaram um programa para crianças no Parque Bariguí, que visava exatamente iniciar as crianças no montanhismo. O Programa chamava-se Semana de iniciação à montanha, e funcionava como uma espécie de colônia de férias, onde as crianças tinham a oportunidade de aprender noções básicas de montanhismo, através de projeção de slides, caminhadas através do "Caminho da Vida" (Trilha existente no Parque Bariguí) descida de rappel num pequeno baranco, noções básicas de navegação na selva, etc...Quanto ao alpinismo técnico, Vitamina acha que pode ser praticado indistintamente por qualquer pessoa, já que se trata de um esporte sério com regras e técnicas bem definidas, e não uma aventura. Galgar uma montanha é como saltar de pára-quedas, como fazer um vôo com asa-delta, como esquiar, basta técnica e prática.
            Vitamina não gosta muito de falar de política, mas acha que política faz parte do jogo, porém não deve ser tomado como uma bandeira por um clube, o principal para um montanhista é a montanha. A política aliás já causou muitas surpresas, e recorda-se de fatos pitorescos, como o ocorrido em 1945, quando o poder Constituído prendeu seu amigo Reinhard Maack, geólogo mundialmente conhecido, e autor da primeira obra traçando o perfil geológico da Serra do Mar. Foi Maack, que descobriu através de cálculos, Que o Pico Paraná era o mais alto do sul do Brasil, superando inclusive o próprio Marumby, até então conhecido como o Pico mais alto do Paraná. Reinhard Maack, foi preso, sobre a alegação que era alemão e subia as montanhas com o propósito de sinalizar os submarinos alemães, para entrarem na Baía de Paranaguá.
            Mais tarde em 1963, quando a revolução lutava para desarticular os últimos focos de subversão ao regime, muitos montanhistas acabaram sendo presos de roldão, sob o pretexto de apoiarem e darem cobertura ao guerrilheiro Capitão Lamarca, que com seu grupo, escondia-se no Vale da Ribeira, na divisa do Estado do Paraná e de São Paulo, e nas imediações do Pico Paraná, que era freqüentado pelos montanhistas, como sempre fora, com Lamarca, ou sem ele.Os montanhistas simplesmente não conseguiram convencer as autoridades, que estavam por mero lazer, e na falta de uma explicação mais convincente do "que estavam fazendo no mato" eram detidos para averiguações. Na época existia um abrigo de pedra, rústico, quase no cume do Pico Paraná, que havia sido edificado com muito esforço pelos montanhistas, para servir de base para futuras expedições de conquistas as paredes do Pico Paraná, União e Ibitirati. O abrigo foi destruído, misteriosamente. Falando em Pico Paraná, vitamina esclarece, que existe um mal entendido quanto à conquista do Pico Paraná. Quem conquistou o Pico Paraná foi Rudolfo Stamm, e não Reinhard Maack, que nas primeiras expedições ao PP se limitou ir até o Caratuva. Somente na 3ª ou 4ª Expedição ao PP, que Maack, atingiu o cume. Portanto, a conquista do PP cabe ao Stamm, e a descoberta que o PP era o Pico mais alto do Paraná e do Sul do Brasil, cabe a Reinhard Maack.
            Solicitamos ao Vita, antes de encerrar a entrevista, que nos explicasse a origem do seu apelido, e esclareceu, que quando jovem, gostava de legumes e verduras cruas (Cenoura, nabo branco, etc.) e muitas vezes, propositalmente, levava seu "Lanche" ao cinema e, no meio da seção começava a roê-los, com o ruído que lembrava um liquidificador triturando alguma coisa. Daí alguém lembrou que o sujeito barulhento estava fazendo Vitaminas. Como Vitamina é um apelido por demais complicado para o gosto brasileiro, somado a mania nacional de se abreviar tudo, passaram a lhe chamar Vita, que é o apelido que tem até hoje. Sua esposa Dulcinéia de Souza Schmidlin, é conhecida somente pelo seu nome abreviado "Dulce". A soma dos dois apelidos, acaba formando uma conhecida expressão italiana, DULCE VITA. O casal DulceVita, possui dois filhos, Lucia Agathe Juliana Schmidlin e Paulo Henrique Schmidlin. Se for mantida a tradição da família, em breve serão inveterados montanhistas, tal qual os pais. Para encerrar a matéria, como é de praxe, lhe perguntamos, se não gostaria de transmitir alguma mensagem aos jovens montanhistas, que estão se iniciando no esporte, disse: - "No ano em que se comemora "O Ano Internacional da Juventude", devemos, mais do que nunca, valorizar e ter fé nos jovens, e aprender com os jovens, pois o mundo é dinâmico e se transforma dia a dia, temos que se transformar com ele, sendo um eterno aprendiz, para não correr o risco de parar no tempo "ACREDITAR NO JOVEM, É ACREDITAR NO FUTURO."

ERWIN GROGER (PROFESSOR)

 Referência bibliográfica:
            CPM - Boletim Informativo Bimestral nº 02 - setembro 1984

            No dia 9 de agosto de 1912, nascia em Viena, capital do Império Austro-Húngaro, ERWIN GROGER, filho único de uma família altamente acadêmica e intelectual, pela linhagem paterna, e de pequenos agricultores e humildes artesãos, pela parte materna. Quando contava com dois anos de idade , estourava na Europa, a I Grande Guerra Mundial, transformando a Áustria, até então Império, em República. Neste ambiente hostil, crescia o jovem Erwin, se dedicando aos estudos elementares e estudando música, e poucos eram os austríacos que não tinham familiaridade com pautas e notas musicais. Não é sem motivo, que na Áustria sempre foi conhecida, como capital mundial da Valsa, e deu a humanidade, gênios ilustres como Johann Strauss Filho. Esta tradição austríaca incentivou Erwin ao estudo do violão clássico, que estudou por 4 anos.
            Além da música Erwin cultivava outro hábito, fortemente enraigado nos costumes austríacos, e nos países europeus, de um modo geral, as caminhadas "DAS WANDERN" (andar por andar) e o montanhismo. Áustria é um país predominantemente montanhoso, e inteiramente entrecortado de caminhos e trilhas que levam aos lugares mais pitorescos, incluindo-se as montanhas. Das montanhas a que Erwin mais conhecia e freqüentava era um conjunto, constituído de cinco cumes, todos com mais de 5.000 metros de altura, denominada DOLOMITAS (Nos Alpes) quase fronteira com a Itália. Nesta cadeia de montanha, havia guias profissionais extremamente respeitados por todos, uma vez que esta profissão é muito cotada na Áustria. Estes guias excepcionais, integravam uma Instituição Oficial, conhecida como Cruz Verde, que existe em toda a Europa, e que tem por função busca, salvamento e resgate de montanhistas em dificuldades. E foi com estes guias, extremamente treinados que o Professor, aprendeu as técnicas alpinas, que mais tarde traria ao Brasil.
            Em 1938, já com 26 anos, casado e pai de uma filha, vê seu país ser anexado à Alemanha de Hitler, que chegava ao auge do Poder. A Europa inteira é convulsionada por diversas manifestações políticas e a tensão chega a um ponto intolerável, e, prevendo, o início da grande tragédia que seria a II Guerra Mundial, resolve abandonar sua pátria, para se estabelecer com sua família, longe dos conflitos europeus. Na época falava-se muito dos países tropicais da América do Sul, e assim, em 1938, desembarcavam no porto da cidade da Guanabara, Rio de Janeiro.
            Iniciou-se então, um período longo e penoso para a família GROGER, que não sabia exatamente que destino tomar e o que fazer. Trataram de conseguir o competente visto de permanência, que foi liberado com certa facilidade, pois ERWIN era formado em engenharia agronômica e o governo brasileiro, na época, recebia bem, imigrantes qualificados. Além de ser profissional qualificado, dominava perfeitamente cinco idiomas, inclusive o português, falando fluentemente todos eles. Depois de preenchidas as formalidades burocráticas, a família GROGER iniciou uma longa peregrinação pelo país, vagando por lugares como Cananéia, São Paulo, Itararé, Monte Alegre, trabalhando como ajudante de caminhão, vendedor e representante, até fixar residência definitivamente em Curitiba, onde trabalhou por 15 anos como professor no Seminário Menor de Nova Orleans.
            Em 1946, a família GROGER, decidiu fazer um passeio a Igreja do Rocio, em Paranaguá, e conhecer também, a não menos famosa estrada de ferro Curitiba - Paranaguá. No transcorrer desta viagem, conheceu pela primeira vez o Conjunto Marumby, e diz ter sentido uma vontade imensa de pular do trem e começar a explorar aquele paraíso. Controlou-se e prometeu a si mesmo, que voltaria aquelas montanhas, na primeira oportunidade. Algumas semanas depois, voltava ao Marumby, acompanhado desta vez, de outro notório marumbinista da época ORISEL CURRIAL (tio de nosso amigo Rafael Martinez Currial - o Morruga) para juntos, depois de algumas investidas, conquistarem a fenda principal, no Abrolhos. Depois desta experiência, Erwin realizou inúmeras escaladas, muitas delas solitárias, no Anhangava, Pico Paraná e Marumby. De suas andanças montanhísticas surgiu a paixão pelas orquídeas, que na época eram abundantes nas montanhas. Difícil de cultivar, exigindo cuidados especiais com o ambiente, Erwin se encontrava com a beleza, raridade, adversidade e diversificação das orquídeas. Calcula-se, que exista mais ou menos 35.000 espécies naturais de orquídeas, e mais umas 75.000 mil espécies híbridas, e a cada mês, as revistas especializadas catalogam, de 80 a 200 espécies novas. Esta sensibilidade pela rainha das flores, levaram-no a fundar a 25 anos atrás a sociedade Paranaense de Orquidófilos.
            Incansável em 1964, começou a dedicar-se a outro hobbye, a pintura, que aliás é herança de família, pois recorda-se que se bisavô já pintava com muita desenvoltura, a sua avó fazia pinturas criativas em porcelanas, usando ouro em pó no acabamento. O pai por outro lado, era desenhista técnico, nada natural, que Erwin iniciar-se na pintura e no desenho mais tarde. Os temas das pinturas são variados, com preferência para montanhas e orquídeas. Pode-se classificar suas pinturas como acadêmicas, com influência impressionista. Mais recentemente, a custa de estudos, inicio-se na técnica do desenho a lápis (ponta grafite), que é extremamente mais complicado que aquarela, pois o artista têm que exprimir e expressar tudo o que sente, através da variação de duas matizes de cor, o branco e o preto. O Clube Paranaense de Montanhismo, foi gentilmente agraciado, por uma de suas gravuras, onde relata o Morro Sete visto do Rochedinho (Marumby). Aliás pintar na montanha é praxe para Erwin, e pode ser considerado o único pintor, que em 100 anos de história do Marumby, pintou 16 telas, no alto das montanhas, e sonha em aumentar este acervo de telas pintadas "in natura" nos cumes.
            A disposição e vitalidade para s e dedicar a hobbye tão cansativo como o montanhismo, encontra na corrida de 3 a 5 quilômetros que faz diariamente, de preferência, pela manha, antes do sol nascer e ao condicionamento físico com pesos que pratica duas vezes por semana, numa academia de Curitiba, há 15 anos. Não segue nenhuma dieta alimentar, comendo qualquer coisa, exceto carne seca, bacalhau e quiabo (que considera o pão que o diabo amassou) pois foi obrigado a comer diversas vezes para não morrer de fome (e muitas vezes podres), quando iniciou sua peregrinação pelo Brasil. Problemas de saúde, o único de gravidade, foi uma úlcera que o obrigou a uma intervenção cirúrgica há 17 anos atrás, e uma miopia, que lhe obriga o uso de lentes corretivas.
            Atualmente aposentado pelo INPS, como professor, ganha o suficiente para ir vivendo, aumentando sua renda através de traduções para o português de poemas da língua alemã (sua língua materna) para a revista Emanuel, onde publicou mais de 30 trabalhos, realizando também, traduções para o consulado da Áustria em Curitiba, (onde é tradutor oficial) das mais variadas matérias da área médica, veterinária, industrial. Atualmente dedica-se a um trabalho interessante e difícil, que lhe foi solicitado por jovens entusiastas do teatro do Paraná, que é a tradução "em métrica" da famosa Opera Parcival, de Richard Wagner.
            Seu sonho montanhístico, não é segredo de ninguém, gostaria de ver o abrigo do Pico Paraná terminado e as cabanas do Ciririca devidamente conservadas.
            No mais, vive feliz, ao lado de sua esposa, Fanny, de sua filha Maria Francisca e dos netos, Renata com 20 anos, Alfredo com 18 anos e Mariane com 13 anos.
            Para encerrar o Professor nos confiou a mensagem que gostaria de transmitir aos montanhistas mais jovens: "A Montanha é a melhor escola, e zelar por ela, é obrigação para com nossa sobrevivência e de toda a humanidade".

João Carlos de Lima e Walter Antônio Kapp.

SIRIRICA, O ÚLTIMO SANTUÁRIO




            Referência bibliográfica:
            GAZETINHA - sábado, 27 de setembro de 1986
            por Paulo Henrique Schmidlim (Vitamina)

            Descendo a Graciosa, à nossa esquerda destaca-se pelos artifícios plantados no cume, um enorme arredondado. E ali o Siririca, o último santuário do Himalaia paranaense e guardião da única flora tropical atlântica - felizmente, de difícil acesso. Plantado entre o Siririca está a rodovia e o Pico Paraná, a 8 quilômetros da BR-116 e a 10 do rio Nundiaquara. Plantado numa região alpestre, com as maiores altitudes do Estado, sua face norte exibe o maior paredão existente na Serra do Mar.
            Esse horizonte geográfico caracteriza-se por notáveis significados orográficos, num crescente que vai a oeste para leste, perpendicularmente ao eixo principal da serra, que vive no norte e morre no sul. Pois bem. Esta montanha altaneira impressionante foi o remanescente do desafio marumbinista e que, junto com o Agudo da Cotia, foi alcançado em 1949, numa empreitada contínua de seis dias, pela trinca de notáveis, constituída pelos irmãos Curital (Osíres e Orisel) e o brasileiro-nissei, o lendário Nobor Imaguire. Este último iniciou a conquista depois de prolongados estudos e explorações na região, com uma tentativa, sem êxito, pelo litoral.
            Depararam-se com as mesmas dificuldades de acesso que existiam outrora, para o Pico Paraná. Uma marcha de 20 quilômetros, partindo do Elídio (restaurante às margens da Graciosa). Imaginem o equipamento para uma operação calculada para 10 dias. O acampamento base foi instalado no sítio do João Vicente. Dali, o primeiro obstáculo, representado pela Serra da Samambaia, de fácil identificação, de quem observa do Pico Paraná. Parece uma tartaruga cuja cabeça é o Tucum e o corpo Camapuã e Camacuã. Cinco quilômetros separava-os do objetivo, exibindo uma sucessão de despenhadeiros entre os sovacos, dédalos e gargantas tortuosas. Grotões escancelados que exigiam um continuado subir e descer, dentro de uma selva impressionante.
            Alcança-lo foi um revezar de contrastes belíssimos. A picada de penetração era constantemente acompanhada de pequenos riachos ou transpondo catadupas das maiores e cursos de água cristalina. Estranho território esquecido da civilização. Até então, uma barreira intransponível, ignota e inabordável. A cada elevação a repetência do cenário: nas partes altas, formadas de bromélias ensiformes espeniscentes, misturadas aos arbustos baixos e flexuosos. Já à meia encosta, a mesma flora acrescida dos taquaripocas tolhiços, com alto teor de sílica, inutilizando rapidamente o fio dos facões.
            Nos vales e canhadas a mata densa, lúgubre, com seus cipós elásticos e distensos, dificultando a marcha. Era uma abordagem sincera, sobre um desconhecido que ninguém se atrevia a enfrentar. Mesmo os escoteiros mais mateiros não lograram êxito.
            Foram quatro dias de luta tenaz e inflexível e a dureza dos elementos não impediu a marcha destemida dos três montanhistas, naquele ermo de um cenário delirante, virgem, de exuberante, flora tropical apoteótica.
            Nos vales, árvores de altura notável, assomando, não raro, acima da vegetação caótica. Avançavam resolutos, afogados naquela solidão estarrecedora de densa mata, maravilhosamente rica.
            Vespa, Arame e Lanterna, integravam-se perfeitamente à bruteza da paragem, numa simbiose nostálgica. Tudo principiou em 9 de julho de 1949 e terminou no dia 12 de julho do mesmo ano, às 16 horas e 15 minutos. Abraçaram-se entusiasmados ao assomarem a culminância desse gigante indômito de 1.782 metros. O reconforto da vitória lhes trouxe novas energias para infletirem agora para o sul, com uma selada de 3 quilômetros, até a cota de 1.440 a alcançar os 1.525 metros do Agudo da Cotia.
            Osires, Orisel e Imaguire garantiram seus nomes na história do nosso montanhismo. Das anotações do escriba Imaguire, extraímos: "Não fôra uma vitória olímpica, mas uma vitória para nossa satisfação".

CONQUISTA DA TORRE DA PRATA

CONQUISTA DA TORRE DA PRATA


            Referência bibliográfica:
            Gazeta do Povo

            Desde o tempo que o Paraná era Província, a Serra da Prata era objeto de atração por sua destacada posição, servindo como marco de referência aos navegantes e como limite natural das fronteiras municipais, conforme já historiava Antonio Vieira dos Santos, na sua obra "Memória Histórica, Cronológica, Topográfica e Descritiva da Cidade de Paranaguá e do seu Município", edição de 1850.
            A Serra da Prata é a primeira que se avista do mar, por ser a mais saliente da cordilheira.
            O nome "Prata", ao que tudo indica, originou-se da presumível existência desse metal em suas encostas, conforme citam os "Originais do Arquivo dos Atos e Deliberações da Câmara da Cidade de Paranaguá", em apontamentos de Antonio Vieira dos Santos, citando a nomeação por Dom Rodrigo de Castelo Branco, de Francisco Jacomo Baiarte à cabeça das diligências dos descobrimentos de minas, em 4 de maio de 1679.
            Atualmente descartamos a existência de prata nessa serra, aceitando-se a idéia de que seu nome estaria ligado ao reflexo prateado provocado pela incidência dos raios solares sobre as paredes úmidas do granito nas suas alturas, catalisando os interessados em sua lavra, do século XVI.
            A espetacular posição desse contraforte atlântico beirando o mar e na vanguarda de todo o maciço granítico, aliada à histórica situação, sempre mereceu a atenção de todos e, em especial, dos faiscadores de metais preciosos.
            No campo esportivo, a luta pela conquista da Torre da Prata teve início em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, originada pela obsessão de Fernando Andrejewski, que pretendia atingi-la pela face Oeste, ao lado da estrada da Limeira.
            Simultaneamente, a dupla Waldemar Buecken (Gavião) e Antonio Setengel Cavalcante (Canguru) optou pela mesma conquista, mas utilizando-se da face Leste, partindo da estação ferroviária de Alexandra. A disputa tornou-se acirrada diante da qualificação e competência dos envolvidos.
            Levou a melhor a dupla Gavião-Canguru, que no dia 8 de abril de 1944 fincou os pés no topo virgem da Prata.